Jornal do Brasil
ECONOMIA


Domingo, 15 de outubro de 2000

Sapatarias, um mercado que cresce a passos largos

Fim das grandes redes e sofisticação das lojas fazem setor vender 11,1% mais  

Em silêncio, as sapatarias tomaram conta do mercado. Hoje, elas estão em todos os shoppings e esquinas do Brasil. O termômetro do Clube de Diretores Lojistas do Rio aponta um crescimento de 11,11% nas vendas do mês de agosto em relação ao mesmo período do ano passado. Já em comparação a julho, o setor foi o único que apresentou saldo positivo, crescendo 0,78%, enquanto confecções e moda infantil sofreram queda de 4,49%.

Mais quentes e atraentes, as lojas conquistaram um público fiel: as mulheres, que não satisfeitas em comprarem seus próprios sapatos vão em busca de pares para maridos e filhos, aquecendo as vendas. "Tenho mania de sapatos, sempre que acho um bonito eu compro", conta a jovem Luciana Murta, de 23 anos. O sucesso é visto por comerciantes como fruto da estabilidade econômica, dos longos prazos para pagamentos e da segmentação do setor a partir da falência de grande lojas como Sapasso e Gambier.

Para Jeferson Birman, proprietário da rede Arezzo, que possui 180 franquias em todos os estados do país, o setor conseguiu sair da estagnação de 1996 e decolou com a estabilidade. "Conseguimos pulverizar as franquias e sinalizamos para o mercado uma imagem boa, competente", conta. Os investimentos na marca se intensificaram nos últimos 28 anos, quando os irmãos Anderson e Jeferson transformaram a fábrica de sapatos Arezzo em uma loja com identidade própria.

Diferenciação - A rede pretende vender este ano mais 800 mil pares de sapatos em relação ao ano passado, quando atingiu a marca dos três milhões. Para alcançar a meta está apostando em produtos diferenciados. "Hoje temos uma central de desenvolvimento de produtos no Rio Grande do Sul e trabalhamos com modelos próprios, não copiamos os italianos", garante Birman.

O mercado de calçados também atraiu Sebastião Borges, um dos sócios da Andarella. Ex-operador da Bolsa de Valores do Rio, Tião, como é conhecido, conta que a rede deve crescer 10% até o fim do ano. "Estamos otimistas porque vamos crescer mais que o Brasil", diz Borges. Com 18 lojas no Rio, a Andarella resolveu partir para o mercado de franquias. Já abriu lojas em Macaé e Cabo Frio e, até dezembro, vai inaugurar outras unidades em Volta Redonda e Petrópolis.

Tributação pesada - A única reclamação do setor é em relação à política tributária do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Existe uma regra no mercado, as pessoas abrem pequenas empresas para pagarem menos impostos, minha empresa é de médio porte e pago R$ 15 mil mensais de impostos, sem contar com os encargos sociais, as pequenas pagam R$ 5 mil e são meus concorrentes diretos. Isso não é justo. Onde está a reforma tributária?", indaga Sebastião.

Pegando carona na expansão, a Pontapé obteve um crescimento de 100% nos últimos oito anos. Em 1992, a família El-Mann possuía 12 lojas, hoje são 24. A fórmula mágica do sucesso tem como principal ingrediente uma reforma geral. "Atualizamos e renovamos nossos produtos, trabalhávamos com ponta de estoque, produtos que não tinham sido exportados, e há três anos contratamos uma estilista, reformulamos a marca e adaptamos os sapatos às brasileiras", conta Michel El-Mann, diretor de marketing e um dos três filhos do libanês Eli e da egípcia Arlete, proprietários da rede.

A rede de lojas, que começou vendendo ponta de estoque de exportação, orgulha-se de ser a única que trabalha com meio ponto. "Aqui temos números como 36 e meio, 37 e meio e também 42, 43, porque existe demanda e o mercado não acredita", conta Marcelo Crelier, gerente de marketing da rede.

Mudança de perfil

A falência de grandes redes deixou o mercado carente e abriu espaço para as pequenas, porém numerosas, lojas. "Enquanto algumas fechavam, surgiu a Mr.Cat, revolucionando o mercado, com móveis de madeira, vendedores qualificados, uma loja perfumada que afastou o cheiro de chulé, que estava associado às sapatarias, isso acaba mexendo com o psicológico e aumentando as vendas, ninguém gosta de ter chulé", diz Antônio Cesar Carvalho de Oliveira, sócio-diretor da Acomp Consultoria e Treinamento.

Ele lembra que promoções da loja que oferece um par de meias na compra de qualquer sapato à vista e ainda o fato de a rede ter eliminado as enormes caixas de sapatos, embalando o produto em sacos de tecido que podem ser reutilizados pelos clientes, ajudaram a compor o novo setor e a selecionar o público. Nas ruas, as mulheres já perceberam a mudança do setor.

"Eu amo comprar sapatos, é um hobby, o problema é que a todo lugar que vou tem uma sapataria e eu não resisto, principalmente quando a loja está em promoção", conta a estudante Márcia Nogueira, de 19 anos. "Gosto de estar na moda, e por isso sempre combino o cinto, o sapato e a bolsa", diz. Na opinião do consultor, Márcia é apenas uma de um exército de consumidoras vorazes. "Uma mulher tem pelo menos 20 pares de sapatos enquanto os homens tem no máximo cinco, as lojas perceberam isso e agregaram valores como a etiqueta ao produto, os sapatos viraram grifes", diz o consultor.

Lojas se multiplicam

Dados da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce) confirmam a multiplicação do número de sapatarias. Em 1999, os shoppings tinham em média 6,64 lojas e hoje possuem 45,8. Em relação a vestuários, o setor de calçados também cresceu. Este ano, ele representa 14,2% das lojas de vestuários contra 13% no ano passado. As franquias puxaram a expansão.

De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), só no ano passado, 114 franquias de calçados foram abertas no país, totalizando 457 contra 343 do ano anterior. A reviravolta do setor também passou por uma mudança de estilo das redes que passaram a fazer investimentos pesados em marketing e programação visual.

"Durante anos, a Sapasso foi campeã de vendas no Norte Shopping, não tinha para ninguém, mas foi atropelada pela concorrência", diz o presidente que completa.

"As lojas passavam uma imagem fria, os vendedores eram feios, usavam camisas brancas e gravatas azul marinho, hoje elas são quentes, mais atrativas". Stewart vê positivamente a pulverização das lojas. "Estamos satisfeitos com a expansão do ramo de calçados porque o consumidor passa a ter mais alternativas", afirmou.

OBS: Esta matéria saiu no Jornal com o nome de nosso diretor errado. No texto acima já está corrigido.

 


 

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