Quarta-feira, 18 de abril de 2007.


Importados conquistam espaço no pequeno varejo

Comerciantes, no entanto, não devem deixar de vender itens nacionais


Renata Leite

A valorização do Real, a estabilidade da economia e a conseqüente oferta de possibilidades de parcelamento vêm aquecendo o mercado de importados no País. O varejo acompanha esse movimento ampliando a quantidade e a diversidade de produtos oferecidos nos estabelecimentos. A substituição dos itens nacionais pelos importados acontece tanto entre os bens duráveis quanto entre os não-duráveis. Segundo estudos da Rosenberg & Associados, a produção doméstica desses itens acompanhou a evolução das vendas internas até meados de 2004. Após essa data, houve descompasso entre elas e a diferença foi suprimida pelo crescimento das importações. Em 2006, o avanço das vendas de bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos, chegou a 12,8% se comparado ao ano anterior, enquanto a produção nacional cresceu apenas 4,9%. Aquantidade importada desses itens cresceu 69,7% em igual comparação.

Antônio Cesar Carvalho de Oliveira, engenheiro e professor da Acomp Consultoria e Treinamento, credita o avanço na de venda itens estrangeiros, em parte, a uma demanda suprimida. Com o aumento da renda da população, as classes C e D passaram a buscar status nesses bens. "É comum encontrarmos casas humildes com salas equipadas com televisão, computador e aparelho de som modernos", exemplifica.

PRODUTOS NACIONAIS. No entanto, Oliveira ressalta que períodos de estabilidade econômica podem não ser eternos e aconselha aos lojistas não excluírem de suas prateleiras produtos nacionais. "É preciso ter uma visão estratégica do negócio. Cortar relações com fornecedores internos pode acarretar problemas caso surjam novas variáveis na economia do País", avalia.

Luiz Fernando Araújo, gerente da filial da Lidador no Barra Shopping, Rio de Janeiro, conta que cerca de 70% dos produtos oferecidos pelo estabelecimento de bebidas e comestíveis finos provém de origem estrangeira e apenas 30% são nacionais. No entanto, a realidade já foi inversa. "Quando o dólar apresentava grandes variações, a empresa apostava na produção interna. Alguns produtos nacionais são muito bons, mas aqui o importado enche os olhos do consumidor", afirma Araújo.

ESTOQUE. A diversidade de rótulos disponibilizados pela Lidador não permite que a loja mantenha estoque grande de cada um deles, por falta de espaço. Por isso, costumam fechar negócios vultosos com fornecedores de diversas marcas, mas parcelam o recebimento de acordo com a saída dos itens. Por ser uma rede tradicional e com alta rotatividade de produtos, a Lidador usufrui de alguns privilégios na relação com os importadores, como esse.

Já pequenos lojistas, que não contam com esses privilégios por terem demanda reduzida, recebem o produto bastante encarecido. A melhoria da relação custo-benefício dos itens fabricados fora do País para os consumidores não foi expandida para o varejista, que ainda sofre dificuldades de importação. Esse segmento acaba dependente de distribuidores, que já receberam os itens de importadores.

Leis. O consultor Oliveira aconselha muita atenção na conformidade dos itens em relação às leis brasileiras, assim como às responsabilidades fiscais e jurídicas do comerciante final. "É preciso se preocupar com o pós-venda, para saber o que fazer caso produtos apresentem defeito. O consumidor exigirá garantia do que é comprado", explica.

Importadoras e fabricantes exigem compras em escala e por isso não oferecem oportunidade de negociação com os pequenos varejistas. Assim, esse segmento fica impedido de concorrer com as grandes redes e ainda enfrenta a competição predatória de contrabandistas e do comércio que vende falsificações. De acordo com Ednaldo Sales, proprietário da Thais Eletrônicos, de Brasília, a burocracia excessiva é a maior incentivadora da ilegalidade no setor.

A empresa tem quatro pequenas lojas - uma com seis metros quadrados e três com apenas três metros quadrados. Cada uma tem um único funcionário para vender eletroeletrônico s portáteis. A maioria dos produtos ali ofertados provém da China, mesmo quando os fabricantes são de origem americana ou européia.

Por estar na extremidade dessa cadeia de importação, Sales queixa-se dos altos valores cobrados pelo produto e, mais ainda, pela demora de chegada das novidades. "A logística é complexa e as taxas, inúmeras. Entre elas existe o seguro da carga, indispensável, e a taxação de transferência do dólar para o país de origem. Quando o produto chega na loja, já está sendo vendido pelos contrabandistas", denuncia.

MIX DE PRODUTOS. Para compensar a desvantagem, na opinião do consultor Oliveira, é preciso apostar no mix de produtos da loja. "Uma saída é utilizar outro produto para atrair consumidores e alavancar as vendas daquele presente nas grandes redes ou camelôs", explica. "Mas para isso é preciso conhecer dados internos do negócio e externos, tanto da concorrência quanto dos clientes". O consultor recomenda uma visão mais estratégica e não focada, apenas, no produto que se quer vender. "Trabalhar a imagem do negócio e a confiança do cliente é fundamental. Nem todos os consumidores estão dispostos a comprar itens ilegais, por causa da contravenção cometida nesse ato e pela falta de garantias", complementa o consultor.

Sales aponta como possível saída um associativismo no segmento, mas queixa-se da desunião dos empresários. A reclamação ecoa no Shopping Nova América, no Rio de Janeiro, através de Rosângela da Conceição Carvalho, dona da Caneta.com. Ela também negocia seus itens importados com distribuidores e enfrenta lentidão no processo de entrega e preços altos. "Muitas vezes, o cliente procura um refil para a sua caneta e não encontra. Um pedido costuma levar três meses para chegar na loja", afirma.

Rosângela chega a afirmar que os preços dos produtos comprados nos fornecedores não sofreram grande alteração com a queda do dólar. "Eles apenas passaram a permitir parcelamentos", afirma. Com a queda nas vendas das canetas, passou a vender souvenirs, como jogos, relógios, calculadoras e ursos de pelúcia. Esses itens apresentam preços baixos, mas têm grande saída, enquanto as canetas sofisticadas que vende são compradas esporadicamente, por colecionadores, e podem custar até R$ 1,4 mil. "Parte do meu faturamento é garantido pela venda de refis, que custam em média R$ 40", afirma. Esses produtos são comprados em escala e mantidos em estoque, para que o valor unitário seja barateado. Já com os souvenirs ocorre o inverso, pois é preciso oferecer sempre novidades.

Setor de bens não-duráveis é mais sensível à entrada de importados

De acordo com pesquisa da Rosenberg & Associados, o setor de bens não-duráveis mostra-se o mais sensível à entrada de importados. Em 2006 houve crescimento na produção desses bens na ordem de 2,8% se comparado ao ano anterior. Ocomércio expandiu 20,5% e a entrada de importados no País subiu 13,4%, na mesma base de análise.

O Grupo Pão de Açucar possui até uma importadora própria, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). Essa área de comércio exterior da bandeira não só responde pelas importações da empresa como também fomenta as exportações de produtos brasileiros para as redes parceiras do sócio, o Groupe Casino, em vários países da América Latina e Europa. Recentemente houve a importação de vinhos, azeites e peixes importados.

O Pão de Açúcar promove até o final do mês o festival "Sabores de Portugal", no qual oferece 200 itens entre produtos da mercearia, bebidas e perecíveis, e espera aumentar a venda dos itens típicos portugueses em 30% neste mês ante o mesmo período do ano passado. Para esta ação, a rede atuou em parceria com fornecedores ligados ao Instituto das Empresas para os Mercados Externos (ICEP), órgão público do Ministério da Economia de Portugal, e negociou produtos portugueses que já são tradicionais no mercado brasileiro além de queijos, conservas (azeitonas, tremoço), vinhos, biscoitos, amêndoas, pães, azeites, frutos do mar, peixes típicos, doces, entre outros.

 

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