Domingo, 23 e segunda-feira, 24 de novembro de 2003.

Comportamento

Profissional atingido pelo chefe deve ser diplomático

Quando a insegurança está no alto escalão

THIENE BARRETO

Chefes incompetentes existem em todas as empresas. Subordinados competentes, também. Quando os dois se juntam, o atrito é praticamente inevitável. Nesses casos, a forma de lidar com a diferença de capacidade é determinante para a carreira do profissional dentro da companhia. De acordo com consultores de Recursos Humanos, o primeiro passo é tentar resolver de maneira amigável. Trocar de departamento ou até mesmo falar com o superior direto do chefe são outras soluções apontadas.

Para o consultor e conferencista Carlos Hilsdorf, chefes que não se reciclam, são excelentes em retórica, mas incapazes de obter resultados, tendem a demitir os mais competentes. Segundo ele, o brilhantismo do subordinado causa medo, pois a incompetência e falhas do superior passam a ficar mais claras para toda a companhia. Foi o que aconteceu com a escrevente Fernanda Menezes.

Em seu primeiro emprego, num escritório de contabilidade de Muriaé, Fernanda foi contratada para trabalhar nos processos contábeis. No dia-a-dia, porém, apenas arquivava documentos. "Meu chefe dizia que eu era inteligente, mas eu só fazia arquivamento de papéis. Chegava cedo, saía tarde e ganhava muito pouco. O irmão dele, teoricamente com o mesmo cargo, recebia salário bem melhor", reclama.

Hilsdorf lembra outro caso semelhante. Um profissional competente, que atuava na administração de uma empresa nacional, foi aos poucos perdendo o poder de decisão após ter contribuído decisivamente para o crescimento da companhia. "Foi uma tentativa de levá-lo a pedir demissão. Sua vaga seria assumida por um parente ligado à direção", observa Hilsdorf.

O consultor lembra ainda de um amigo que na reta final de um processo seletivo perdeu a vaga para um candidato claramente menos qualificado. "Mesmo tendo sido comprovadamente o mais competente dos indicados à vaga foi preterido frente a um outro com currículo mais pobre e competências não pertinentes ao cargo", lembra Hilsdorf, que escreveu o artigo "Quem tem medo da competência?".

O consultor conta que seu amigo fora considerado qualificado demais para o cargo, mas não pelas razões tradicionais - quando o salário e o cargo não são compatíveis com a competência e histórico profissional -, e sim porque era nitidamente mais bem preparado do que o responsável por sua contratação.

Chefe inseguro prejudica funcionário
Outro comportamento típico de chefes inseguros é ressaltar a capacidade do subordinado, mas não lhe dar responsabilidade compatível. Sócio da Acomp Consultoria e Treinamento, Antônio César de Oliveira diz que esse tipo de superior finge que estimula o empregado e, por trás, faz de tudo para boicotar seu trabalho.

- Esse chefe parece aceitar todos os projetos do subordinado, mas, na verdade, os esconde da diretoria e diz para o resto da equipe que aquelas tarefas não são importantes. É o tipo de pessoa que tem medo que sua competência - ou a falta dela - seja abafada - comenta Oliveira.

A melhor maneira de lidar com chefes difíceis é a diplomacia, diz a consultora em Comunicação e RH, Bruna Gasgon. Conversando com o superior para entender os motivos dos seguidos boicotes, é possível diminuir as divergências. "Chefes que agem dessa forma têm problemas de relacionamento. E isso deve ser resolvido por eles próprios", observa.

Oliveira, da Acomp, concorda com Bruna. "O funcionário tem que deixar claro que está lá para ajudar a equipe, que seu sucesso será, conseqüentemente, o sucesso do chefe também", explica. Caso não dê resultado, o passo seguinte para o profissional atingido é, ainda mantendo a cordialidade, tentar mudar de departamento.

Uma boa forma de justificar o pedido é alegar dificuldade de adaptação às funções atuais. Mostrando que o resultado poderia ser melhor em outro setor, pode ser mais fácil conseguir a mudança. "Mas é importante que esse comunicado seja feito ao superior direto. Se não, ele pode ficar ainda mais ressentido e deslocar o funcionário para uma função que não permita o desenvolvimento de suas habilidades", alerta Oliveira.

Falar com o chefe do chefe, segundo o diretor da Acomp, apenas em casos extremos. Passar por cima do superior - com razão ou sem razão - é uma atitude que não costuma ser bem vista pelas empresas. A impressão que fica é de que o profissional está sendo desonesto com sua chefia direta. "Não cabe ao funcionário julgar seu superior. Essa é uma tarefa da alta cúpula da empresa", afirma o consultor da Manager Assessoria em RH, José Antônio Rosa.

Ou seja, o profissional corre o risco de ser ainda mais perseguido e o resultado, quase sempre, é a demissão. Rosa lembra ainda que a atitude do funcionário pode ser encarada como deslealdade à empresa. "Parece que o profissional está medindo forças com seu chefe", avalia. Portanto, é fundamental ser político sempre.

Se, depois de todas as tentativas, nada foi eficaz, a saída é realmente procurar outro emprego, diz Oliveira, da Acomp. O consultor explica que, muitas vezes, o problema é a falta de adaptação do profissional aos valores da companhia quando esta incita a competição e valoriza apenas os resultados. "O melhor é procurar uma empresa que se adeque ao seu perfil", sugere.

Dicas

Tente
conversar, deixando claro que não quer roubar o lugar dele.

Não
deixe trabalhos inacabados, nem brechas que possam ser apontadas como erros.

Peça
para trocar de departamento.

Caso
a situação esteja insustentável, peça auxílio ao chefe do chefe.

Mude
de empresa em último caso.

Jogo de cintura é traço valorizado pelas empresas

Ninguém gosta de enfrentar problemas com a chefia, mas a situação desagradável pode ser útil no futuro. De acordo com o diretor de Recursos Humanos da Embratel, Joaquim Correia, a capacidade de lidar com adversidades é uma das características mais valorizadas pelas empresas no momento. Segundo o executivo, é fácil identificar o profissional hábil neste sentido.

- Ele é calmo, paciente e equilibrado. Não se precipita, nem é lento demais. Lidando com adversidades, pode ser até agressivo, no bom sentido. O profissional não pode ficar impactado na primeira dificuldade. Tem que reagir e entender que os problemas fazem parte do dia-a-dia, não é nada pessoal - comenta.

Gerente de Desenvolvimento Humano da Asea Brown Boveri (ABB), Sionara Andrade observa que características pessoais como jogo de cintura, desenvoltura e equilíbrio emocional são muito valorizadas nos processos seletivos das empresas.

- É claro que qualificações técnicas também contam, mas saber se relacionar é fundamental - diz Sionara.

 


 

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